Já ouvimos muitas frases como: "você tem mediunidade, tem que ir pro centro!" ou até mesmo "você tem que trabalhar sua mediunidade para resolver os seus karmas". Observamos, no senso comum, que a mediunidade é tratada como um peso para as pessoas, parecendo um fardo que deve ser carregado pelos que a possuem.
Para tratarmos de mediunidade, acho importante compreendermos o que seria o nosso livre-arbítrio, para não cairmos em algumas pegadinhas de nosso dia a dia. O primeiro de tudo é: nós temos liberdade de escolhermos se queremos desenvolver nossa mediunidade, dar prioridades para outros sentidos da vida ou não trabalha-la.
A mediunidade deve ser vista como uma forma de se relacionar com as realidades paralelas e, se há sensibilidade para tal, é uma maneira de transmitir mensagens de espíritos, aprender a manipular energia, entre outras maneiras de praticar o bem. E aqui há um detalhe muito importante: com a mediunidade na Umbanda, temos o foco único e constante da prática do bem. E o que é o bem?
Simples: a sua felicidade e a do outro em equilíbrio.
Nós, seres humanos encarnados, já estamos em um estágio evolutivo de escolhermos se queremos tratar a mediunidade como um fardo ou como uma possibilidade de alcance à nossa elevação e felicidade interior. A mediunidade é sim uma responsabilidade, e deve ser vista dessa forma pelo médium.
O médium deve ser "calibrado" e "lapidado" para que tenha um bom relacionamento com a mediunidade e não vire mais uma forma de sofrer ou de bengala para os problemas mundanos.
O ponto que quero chegar é: a mediunidade é uma maneira de se tornar mais livre, e não mais aprisionado. Portanto temos a liberdade individual de compreender a mediunidade como uma porta para elevação, e não para o sofrimento. Da mesma forma que temos a liberdade de escolher nos relacionarmos com ela ou não.
Uma dica: Deus não dá uma cruz maior do que podemos carregar. Isso significa que tudo o que está em nossa volta, há de se ter algo a aprender - inclusive nossas capacidades mediúnicas.
Um exemplo: para aquele que segue na saga do desenvolvimento mediúnico porém ainda com pouca sensibilidade energética, é um amadurecimento de sua sensibilidade consigo mesmo; para aquele desenvolvido mediunicamente que cria uma grande dependência de seus guias, há um aprendizado para compreender o seu poder interno.
A mediunidade não é apenas uma ferramenta mecânica de praticar a caridade; a mediunidade é um caminho interno e externo para alcance de sua felicidade e liberdade, se desfazendo das amarras e bengalas da vida e encarando seus principais vícios e virtudes de frente.
O desenvolvimento mediúnico é um desenvolvimento para a vida: e é por isso que tem uma relação com o livre-arbítrio. Cada um tem o poder para escolher quais são as maneiras de se desenvolver e se enobrecer na vida e em seus sentidos.
Portanto, a mediunidade não é e não deve ser um fardo e um peso, mas sim uma porta para o crescimento mental, psicológico e espiritual. O desenvolvimento mediúnico exige uma maturidade para encarar as principais amarras psicológicas para que algo maior tome conta daquele momento. O desenvolvimento mediúnico não é apenas para a mediunidade: é para a vida.
Que a luz e o amparo de nosso Pai Oxalá repouse sobre nós!
Pedro Piovan
Dirigente Espiritual do Templo Escola Pai João da Caridade
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